Crescemos a pensar que a tendência é para tudo melhorar. Fomos educados para acreditar no progresso. Mas a realidade por vezes é cruel e desfaz o que afinal eram só ilusões.
Há 45 anos as tardes passadas no jardim de Queluz, ou como se dizia nos "baloiços do jardim de Queluz" eram uma festa! Nada que se comparasse aos baloiços da Amadora!...Valiam a caminhada da vila vizinha até Queluz. As disputas pelos melhores baloiços - eu tinha as minhas preferências que por vezes eram coincidentes com as dos meus companheiros de brincadeira - eram intervaladas por uns minutos de patinagem no ringue central. Foram momentos marcantes e inesquecíveis.
Há 30 anos tentei equilibrar, sem grande êxito, um bebé de sete meses num desses antigos baloiços. Estava a precipitar-me, mas era um desejo meu que o meu filho desfrutasse igualmente do prazer de andar nos "baloiços do jardim de Queluz". Se na altura ainda era cedo, felizmente a manutençaõ do jardim permitiu que mais tarde ele gozasse esses mesmos baloiços, assim como aconteceu com o seu irmão nascido há 25 anos.
Mas hoje, onde está e como está o jardim? Evito passar por lá e quando tenho de o fazer nego-me a olhar o espaço desfeito, onde outrora fui feliz.
Quem são os adultos que privaram as crianças de Queluz e não só, daquele espaço?
São adultos que fingem gostar de crianças.
São adultos que criticam as crianças que "passam a vida agarradas ao computador".
São adultos que adoram automóveis e gostam de os verem a ocupar o espaço antes do jardim.
São adultos sem sentido estético, que apreciam canteiros cheios de ervas.
São adultos que não gostam de Queluz.
Quero que os meus netos voltem a andar de baloiço em Queluz.
Precisa-se de pessoas que gostem de Queluz!
J.E.
sábado, 22 de agosto de 2009
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